Exibindo saúde, ele garante que a falta de camisa não provoca resfriado nem mesmo agora, no inverno.
“Outro dia me falaram que eu ia pegar uma pneumonia. A gente trabalhou em lavoura com colheitadeira, puxando soja, fui caminhoneiro...Naquela época ficava sem camisa. Era muito calor e era um jeito de ficar mais à vontade, o corpo já acostumou”, lembra.
Hoje, Português vive da renda de imóveis deixados pelos pais. Toda vez que fala do pai e da mãe, não consegue conter as lágrimas de saudade.
“Poucas famílias tiveram pais como os meus. Minha primeira função foi trabalhar na serralheria do meu pai com 10 anos de idade. Carregava madeira. Depois fui torneiro mecânico, fui de tudo. Última profissão foi a de caminhoneiro. Uma vez estava pelado dentro do caminhão. Cheguei no posto e quando desci senti um frio na bunda e corri pra dentro do caminhão botar a bermuda. Era um calor violento e naquele tempo não tinha muito movimento”, recorda, dando risada.
- Pouca roupa, muito cabelo
Português é todo desapegado. Simpático, garante que o cabelo não vê uma tesoura há cerca de 30 anos. “Não precisa, conforme vou penteando vai saindo os cabelos mortos”, diz.
O look de cada dia é o mesmo: bermuda jeans, chinelo e o sol estralando no peito. “Como só fico na cidade, não tem necessidade de me vestir. Se tiver que botar um terno, vou botar. Só que saiu do carro já tiro”, alerta.
Para falar com ele só indo até Marialva. Celular ele também dispensa e internet não quer nem saber. Diz que é para ninguém “encher a paciência”. Há alguns anos sua diversão era jogar baralho na praça ou uma partida de sinuca. “Enjoei, não tenho mais paciência”, diz.
Às 23h está na cama e às 4h o sono já acabou. Cuida da casa, passeia, conversa com os amigos, faz a própria comida. Almoçar fora não é do seu agrado. “E também não janto, só como uma salada de fruta de tarde.”
- "Quero ser enterrado pelado"
Outro segredo para longevidade é beber muita água. Ele até ensina um processo que faz religiosamente.
“Minha água fica 10 dias em decantação. Coloco em tambores de 20 litros e depois desses 10 dias coloco em garrafas. Quando passa a mão no tambor sai aquele limbo. E só tomo água fresca, nada gelado demais nem quente demais, tem que ser meio termo.”
Sobre a morte, ele avisa a todos que seu desejo é ser enterrado pelado. “Quero viver assim, sem camisa e ser enterrado pelado. Nasci pelado, também quero ser enterrado assim”, finaliza.