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25 de abril de 2024

O prefeito de Maringá que destruiu um bosque


Por Redação GMC Online, com projeto Maringá Histórica Publicado 06/03/2020 às 17h12 Atualizado 23/02/2023 às 20h21
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A praça Napoleão Moreira da Silva, mais conhecida hoje como praça da Pernambucanas, em Maringá, já teve um bosque de essências nativas. Havia peroba, palmito, cedro, marfim, alecrim, entre outras árvores.

Esse bosque não existe nos dias de hoje porque foi destruído no fim da década de 1950 após um embate entre o poder executivo e a maior empresa da cidade na época, conforme lembra o projeto Maringá Histórica.

Para contar essa história é preciso resgatar a 2ª corrida eleitoral de Maringá, no fim de 1956, quando Américo Dias Ferraz se elegeu prefeito pelo PSP com larga margem de votos. Ele era uma pessoa simples, mas considerado um empresário de sucesso.

Chegou a Maringá no da década de 1940, época em que começou a vender galinhas e ovos pelas ruas. Em pouco tempo, se tornou proprietário de uma das maiores máquinas de café de toda a região, a Cafeeira Santa Luzia.

“Alguns comentam que Américo entrou nas eleições para salvar seu empreendimento no segmento de café. A cafeeira localizada no Maringá Velho vinha gerando fuligens na torrefação de café, o que irritava os moradores da região”, explica o responsável pelo Maringá Histórica, Miguel Fernando Perez Silva.

Ele lembra que Angelo Planas também tinha comércio no Maringá Velho e prometeu que se vencesse as eleições fecharia a máquina de café de Américo. Desta forma, Américo se viu obrigado a entrar na disputa e concorrer como prefeito de Maringá.

“Foi uma campanha folclórica. Ele adquiriu uma motoniveladora e financiou a benfeitoria pelas vias da cidade. Aos finais do dia de trabalho, improvisava comícios sobre esse equipamento, regado com muita música caipira. Com isso e grande apoio popular foi eleito o segundo prefeito de Maringá”, diz o Maringá Histórica.

Antes de ser empossado, Américo sofreu um atentado no salão Líder que ficava na então Rua General Câmara, hoje Basílio Sautchuk.

No início de sua gestão, ele contava com muito prestígio e popularidade. Por isso, ao lado da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, a prefeitura organizou as festividades do 10º aniversário da cidade, em 1957. Data em que Américo inaugurou uma das diversas fontes luminosas que ele desejava insalar pela cidade. Por isso, começou a receber críticas. Porque diziam que a cidade carecia de muitos bens e serviços básicos.

Essa tensão foi potencializada por meio da relação que Américo tinha com a Companhia Melhoramentos Norte do Paraná. Se em 1957 Américo concedia o titulo de cidadão honorário ao gerente da colonizadora, em 1959, o diretor da empresa Hermann Moraes Barros fazia críticas abertas contra a incapacidade de gestão do prefeito.

Em rota de colisão com a maior empresa da cidade, Américo encontrou uma forma de se vingar. Como a colonizadora mantinha preservado um bosque de ciências nativas na praça Napoleão Moreira da Silva, o prefeito convocou os funcionários municipais para que retirassem essa área verde no dia 27 de outubro de 1959. Ao amanhecer, o bosque havia sido dizimado para a surpresa de todos.

Américo não estava mais despachando da prefeitura. Havia optado em ficar na sua máquina de café. Afonso Pinheiro de Camargo, o popular sargento Paulista, braço direito de Américo, assumiu a gestão do Executivo durante aqueles últimos meses, o segundo mandato de prefeito da nossa cidade.

Anníbal Bianchini da Rocha, então diretor da Companhia Melhoramentos Norte do Paraná, e sucessor do engenheiro agrônomo Luiz Teixeira Mendes, que impantou o projeto de arborização em maringá, criticou a atitude do prefeito por meio de um artigo que foi veiculado no jornal, em 30 de outubro daquele ano. No texto, ele explica que esse espaço de preservação era um desejo de Teixeira Mendes e por isso a colonizadora tratava com tanto carinho.

Américo ainda estamparia os jornais de todo país anos mais tarde, quando assassinou o gerente de vendas da Simca do Brasl.

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