Maringá tem um problema pequeno de contaminação, afirma estatístico
O matemático, estatístico, especialista em análise de dados, José Gonçalves Vicente, analisa os dados sobre o coronavírus que chegam a população todos os dias. Vicente considera que as condições de Maringá em relação a outras cidades do Brasil são seguras em relação a propagação da Covid-19. Para ele, há muita especulação dos dados e suposições sem fundamento. Leia a explicação:
Hoje, analisando os números da situação do coronavírus, eu diria que qualquer previsão futura, cenários futuros, deve vir de um estudo de dados do passado, submetidos ao maior rigor possível de técnicas e estatísticas. O que se aprendeu até hoje é que o modelo mais próximo de se buscar uma previsão futura, é através de uma regressão logística multinomial, ou usando plataformas de machine learning para cálculos no âmbito da inteligência artificial. Estamos vendo gente fazendo de previsão de tudo quanto é coisa, e eu vejo que esses números que estão aparecendo não estão batendo. Nesses últimos dias temos experimentado um verdadeiro festival de estatísticas, que se apresentam como verdadeiras sobre a evolução do coronavírus. No Paraná e particularmente em Maringá.
Há algum tempo atrás, por exemplo, se dizia que o pico da epidemia seria na última semana se março, já foi. Depois transferiram o pico para a primeira quinzena de abril, estamos vivendo. Depois para a última quinzena de abril, e agora transferiram para o mês de maio. Alguma coisa está errada. O que podemos fazer hoje é termos a certeza de retratos visíveis, só que projeção para o futuro é preciso ter um modelo, e modelo exige restrições. A medida que não se leva em conta essas restrições vai aumentando a margem de erro cometido. Vamos aos números.
Hoje [dia 11 de abril] de manhã, 1.712.674 pessoas foram notificadas, com óbito de 103.796 no mundo, e recuperados 382.404. A letalidade no mundo está 6%, e a recuperação 22%. No Brasil, nós temos 1.074 óbitos e 173 mil recuperados. A letalidade no Brasil está abaixo da letalidade do mundo. Vamos focar em Maringá. Até ontem, dia 10, foram notificados 1.179 casos, que entendo que sejam aquelas pessoas que se sentem mal em casa e vão correndo para uma unidade de saúde para ver qual é o problema. Quando eles chegam lá, os médicos fazem as análises. Essas pessoas podem ser suspeitas ou não. Se elas foram suspeitas, elas serão investigadas. Esse número já cai para 329, desse período todo. Dessas, faz-se os exames e se chega a conclusão que alguns estão confirmados. Até ontem, desses 329, apenas 45 foram confirmados. Os internados até ontem foram 26 casos. Os casos encerrados, que não é coronavírus, foram 779 dos 1.179. Isso significa que é um número muito alto de encerrados em relação aos notificados. E até ontem observamos quatro óbitos, três homens e uma mulher.
A letalidade do caso de Maringá é muito baixa, é uma pessoa para cada 100 mil pessoas. Eu fiz alguns gráficos para dizer qual seria o comportamento da curva e ajuste de retas a respeito desses dados. Das notificações por exemplo, a curva começou a crescer bastante até o dia 5, depois disso ela se estabilizou e veio estabilizada até o dia 10. E a reta de ajuste no cone da curva de contágio, está dando inclinações abaixo de 45 graus, e isso é bom. Isso significa que o achatamento está acontecendo, então as notificações estão andando homeopaticamente, devagarinho, e vai demorar um bom tempo para a gente chegar ao ponto de pico. Quando vejo a curva de suspeitos e que foram investigados, essa curva caiu bastante. Quando analiso a curva dos confirmados, esse vem aumentando, mas é natural, porque estamos vivendo uma epidemia e vai aumentar o número de suspeitos, vai aumentar o número de pessoas infectadas, a gente só espera que não haja aumento de óbitos. A medida que vai passando o tempo está diminuindo significamente o número de pessoas que estão internadas. Começamos com o número de 52, veio para 64 e agora está reduzido para 26, reduziu mais da metade. Dos encerrados está aumentando, a curva é muito boa.
Então a situação de Maringá, não posso dizer que é boa, mas relativa a outros municípios, principalmente São Paulo, Rio de janeiro, Ceará, é confortável do ponto de vista de estrutura oferecida. A população de Maringá está respondendo ao que o chefe do governo está solicitando, e com isso a gente está conseguindo índices bastante interessantes de controle. Claro que isso também se deve à estrutura que foi colocada de saúde, aos profissionais de saúde e a população que está respondendo ao chamado de cuidar, para não se submeter a coisas piores.
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