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19 de abril de 2024

Com Narguilé em alta, maringaense vai gastar R$ 63,9 milhões com fumo


Por Fábio Castaldelli e Monique Manganaro Publicado 29/08/2019 às 11h15 Atualizado 24/02/2023 às 01h27
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O maringaense deverá gastará, em 2019, R$ 63.925.969,00 com fumo. O número é 125,1% maior do que o gasto em 2009, 10 anos atrás, quando as despesas chegaram a R$ 28.397.094,00. Os dados são do IPC Maps, um estudo obtido com exclusividade pelo Portal GMC Online e que mede a participação de consumo dos municípios brasileiros.

O levantamento é divulgado no Dia Nacional de Combate ao Fumo, lembrado nesta quinta-feira (29). Marcos Pazzini, responsável pelo IPC Maps, explica que despesas com fumo compreendem gastos não somente com cigarros, mas também com charutos, fumo para cachimbo e outros artigos para fumantes, como fósforos e isqueiros.

“O que foi determinante para o aumento das despesas com fumo em Maringá, entre 2009 e 2019, foi o aumento do consumo com cigarros eletrônicos e narguilés”, diz Pazzini.

Em todo o Paraná, a estimativa é que sejam gastos com fumo, em 2019, R$ 1,232 bilhão. No Brasil, as despesas devem chegar a R$ 24,549 bilhões.

Narguilé na mira

Para o Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) escolheu como tema “Tabaco ou saúde pulmonar – o uso do narguilé”.

Segundo o instituto, dados referentes a 2008, da Pesquisa Especial sobre Tabagismo (Petab), mostrou que Brasil tinha, à época, quase 300 mil consumidores do cachimbo de origem oriental.

“O narguilé possui uma característica peculiar: um único cachimbo pode ser usado por várias pessoas simultaneamente. Tal fato reforça o seu aspecto de socialização, algo muito atraente, especialmente para os jovens. Além disso, há a falsa sensação de que o narguilé, por ser usado com água, não causa mal à saúde”, alerta o Inca.

Veja abaixo o cartaz do Inca.

Principais Dúvidas

O Dia Nacional de Combate ao Fumo também é uma oportunidade para tirar dúvidas sobre o tabagismo, com base nas principais perguntas feitas por internautas em sites de busca sobre o assunto.

Cigarro eletrônico vicia? Quanto tempo leva até a pessoa ter câncer de pulmão? Tabagismo tem cura? As respostas são da farmacêutica Luciana de Araújo Squitino.

Confira abaixo dez perguntas e respostas sobre o tabagismo.

O que é tabagismo?

É a dependência do tabaco, seja ele de qualquer forma: cigarro, fumo ou cachimbo.

Quais são os sintomas do tabagismo?

Pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a nicotina é uma droga psicoativa, então causa dependência conforme vai sendo utilizada Ninguém fica dependente com um cigarro. No tabagismo, a dependência vem do hábito. Quanto mais exerce esse comportamento, mais agrega. Não é dependência em si, mas associações de comportamento na sua rotina. Uma pessoa tabagista começa a fumar cigarro e tomar café; ao longo do tempo, percebe que não toma mais café sem acender o cigarro, vai fazendo associações de comportamento.

Existem também sintomas da abstinência, quando a pessoa tenta parar de fumar e vem a fissura (desejo compulsivo). Ela começa a se sentir mal, tem interferência no sistema nervoso. Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas, em geral, são irritabilidade, agressividade e fissura. Algumas pessoas relatam alteração do sono e algumas têm indisposição gástrica.

Quais são as consequências do tabagismo?

O cigarro causa diversas doenças, não só câncer de pulmão. Entre elas estão as doenças cardiovasculares – como enfarte, angina, acidente vascular cerebral – e outras doenças pulmonares, como bronquite e enfisema.

Quanto tempo um fumante leva para ter câncer?

Tem pessoas que fumam a vida inteira e não desenvolvem câncer. Há a questão de ter ou não ter predisposição para desenvolver a doença. Não dá para dizer que todo fumante vai enfartar, mas o tabagismo aumenta a chance de acontecer.

O cigarro eletrônico pode causar dependência?

O vício está ligado ao comportamento. Enquanto estiver com o cigarro eletrônico, vai ser difícil desvincular o hábito do comportamento diário. Tem pessoas que colocam nicotina para diminuir a fissura. Mas é muito controverso ainda falar sobre ele. Não há estudos sobre esse cigarro eletrônico e no Brasil não é permitido, a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] não liberou a comercialização. Não sugiro um [cigarro comum] pelo outro [eletrônico]. Quem utiliza nicotina continua na dependência. O uso dele não está isento de trazer problemas para saúde.

Os tipos de cigarro influenciam na dependência?

Teoricamente, a versão light apresenta menos nicotina. Então a pessoa pode viciar um pouco menos. O cigarro com filtro vermelho tem porcentagem maior de nicotina [então viciaria mais rápido]. Cada tipo de fumo tem sua porcentagem de nicotina, e isso interfere da dependência.

Quanto tempo demora para se viciar em cigarro?

Cada organismo é único. Tem pessoas que vão começar fumando mais e outros menos; uns conseguem manter [uma média de] dois, três cigarros por dia e outros vão aumentando. Quanto tempo isso demora para desenvolver dependência é muito comportamental: varia ao que ela associa na vida, nível de estresse, motivos que levam a fumar. É muito relativo.

Qual é o tratamento para o tabagismo?

Na rede pública, O Ministério da Saúde, por meio do Inca, criou o programa nacional de controle de tabagismo e uma das premissas é a oferta gratuita de tratamento para o dependente de tabaco na atenção básica. Para participar do grupo de tratamento, a pessoa deve procura a unidade de saúde mais próxima e se inscrever. Apesar de ser em grupo, a avaliação e o tratamento são individuais. Quando a pessoa entra, fazemos avaliação clínica, avaliação do grau de motivação, nível de dependência, se existe ou não comorbidades e se tem indicação de apoio medicamentoso.

São três meses de tratamento. No primeiro, são quatro sessões, uma por semana, em que o dependente entende como fuma e como isso afeta a saúde, fala dos primeiros dias sem fumar, dos benefícios de parar, e sobre como vencer os obstáculos. No segundo mês, os encontros são quinzenais e, no último mês, um encontro. No segundo e no terceiro mês, os grupos são de manutenção – para ver se a pessoa permanece sem fumar, quais são as dificuldades.

Nesses grupos, a abordagem é cognitiva comportamental, em que se entende que fumar é comportamento aprendido, reforçado diariamente, e mantido por situações emocionais diárias. Não indicamos que a pessoa só pare de fumar, mas que desenvolva um novo comportamento e habilidade para lidar com situações do dia, reconhecer quando está disposta para recaídas.

Tem apoio medicamentoso, mas não é indicado para todas as pessoas porque tem efeitos colaterais, pode haver reação medicamentosa com outros remédios. São duas opções: reposição de nicotina feita com adesivos de nicotina, que fica sendo liberada no organismo e diminui a sensação de falta da substância, e antidepressivo, que auxilia na minimização dos sintomas.

Tabagismo tem cura ou sempre há chances de recaída?

Depois de dois anos sem fumar, a pessoa é considerada não fumante. Não dá para dizer que nunca mais vai fumar na vida. Tem a ver com comportamento. Depois desse tempo de dois anos, dificilmente ela vai querer voltar porque entende o que isso representa.

Como ajudar um dependente de nicotina?

Como parar de fumar depende da vontade da pessoa, não dá para ser um tratamento forçado. No SUS, há muita divulgação dos grupos por meio das agentes de saúde e existem muitas campanhas. Hoje, não tem mais propaganda de cigarro na televisão, não se pode fumar em qualquer lugar, e isso já faz perceber que fumar não é tão aceitável nem saudável. As pessoas podem sinalizar de que existe um grupo que ajuda nesse tratamento, mas a conscientização é pessoal.

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