Na república, o parlamento é importante
Estamos as voltas com o debate eleitoral. Agora, na sexta-feira, começa a campanha no rádio e na TV. A questão principal discutida nas ruas, bem menos do que em outras eleições, é em quem votar? Alguns falam que não há novidades, que no fundo todos os candidatos são os de sempre, outros apostam na mudança. Mas é no debate sobre os presidenciáveis que repousa a grande maioria da pouca expectativa.
Mas o que é o Poder Executivo sem o Legislativo? Nada! Enquanto ficamos de olho nos presidenciáveis, nosso maior instrumento de mudança é o parlamento. Esquecemos que na república, mesmo presidencialista, a governabilidade se dá no Congresso Nacional. Parece que não aprendemos com as experiências do tempo. Por exemplo, reformas que não chegaram ao fim, uma presidente cassada de forma rápida e outro, com problemas bem piores, como Temer, continua governando. Se o país parou, os parlamentares também.
Quem vamos escolher para o legislativo? Este candidato será escolhido na última hora. Numa indicação de amigos, em um agrado imediato, na hora de olhar para o chão, caminhando para a seção eleitoral, encontrar um “santinho”, uma indicação, algo assim, e votar. Nesta pobreza de escolha repousa o nosso destino.
Enquanto os partidos discutiram quem seriam os candidatos à presidência, a polêmica chamava a atenção. Porém, para as coligações e a composição do legislativo, pouca importância se dá. Como se escolhe os candidatos ao parlamento dentro dos partidos? Como alguns que receberam mais votos que outros acabam eleitos? Qual o papel dos puxadores de voto em eleições proporcionais? O quanto isso tira ou não a legitimidade da escolha? E o mais importante, a quem os parlamentares realmente representam?
Na república democrática o Poder Legislativo é o mais importante. Nele está toda a condição de representatividade e governabilidade. A legitimidade dos atos governamentais, sua transparência e eficiência está na mão dos deputados, principalmente. Por isso, está na hora de nós mudarmos o foco. Acredito que estamos olhando de forma desproporcional para o cargo e os candidatos errados.
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