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19 de abril de 2024

‘O REI LEÃO’ VERSÃO ANIMAL PLANET


Por Elton Telles Publicado 20/07/2019 às 18h24 Atualizado 23/02/2023 às 13h56
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Há filmes que já nascem clássicos. “O Rei Leão”, lançado em 1994, é indiscutivelmente um deles. A animação evoluiu a técnica com a mescla de desenhos tradicionais e gerados por computação gráfica, foi muitíssimo bem recebida pela crítica e público, emocionou audiências ao redor do mundo e deu início a uma legião de bichos de estimação batizados de Simba, Nala e Mufasa. Não há dúvidas de que é um dos filmes mais queridos na história do cinema.

Pois bem, existe uma expressão popular que é “não mexe com quem está quieto”, e dela surgiu uma variante que é “com clássico não se mexe”. Com essa cisma de refilmar seus títulos em versão live-action, das duas uma: ou os produtores dos Estúdios Walt Disney nunca ouviram esses ditados ou agem movidos por puro oportunismo. A não ser o aniversário de 25 anos – uma desculpa bem esdrúxula, convenhamos -, não consigo enxergar outra razão para a refeitura deste filme em especial.

Propondo um visual ultrarrealista, que realmente parece que os animais são reais, este novo “O Rei Leão” surpreende e falha miseravelmente com esta escolha. É inegável a qualidade técnica que a Disney alcançou com os efeitos visuais deste projeto ao criar todos os elementos cênicos no computador. É de ficar boquiaberto com o aspecto realista que a tecnologia foi capaz de reproduzir, e o preciosismo que podemos enxergar nos mínimos detalhes, por exemplo, quando há closes em Simba e vemos a pelugem com uma resolução tão avançada que convence se tratar de um leão de verdade. O trabalho de cor, textura, iluminação e a recriação dos cenários tão aproximados da animação original favorecem a experiência e a identificação do espectador, que se sente imerso na savana africana.

Por outro lado, o hiper-realismo assassina qualquer tentativa de conexão emotiva desta versão. A impressão é que estamos assistindo a um documentário do Animal Planet com o áudio de “O Rei Leão” por cima. Um dos fatores pelos quais ficamos comovidos com a animação é a expressão dos bichos próxima à dos humanos e a reação deles que o desenho permite criar com mais liberdade, além de brincar com o imaginário do espectador. Na nova versão, os animais estão totalmente desprovidos de expressão facial, o que acaba sobrando para os dubladores preencherem essa lacuna crucial com o trabalho de voz. E nem sempre dão conta. Ainda por cima, pela perspectiva realista, é lamentável o quão estranha é a aparência dos personagens ao articularem a boca pra falar, algo que “Babe, o Porquinho Atrapalhado”, lançado há mais de 20 anos, tira de letra em comparação.

Outra decepção de “O Rei Leão” é a direção apática de Jon Favreau. Limitado a imitar a animação quadro a quadro, infelizmente, Favreau não atinge o tom épico do original nem nas cenas mais importantes, como a morte de Mufasa e o confronto final entre Simba e o tio Scar. E é curioso porque em sua incursão anterior, “Mogli, o Menino Lobo” (2016) – sem dúvidas, o melhor live-action da Disney até então –, a dosagem do diretor em se manter fiel ao clássico de 1967 e as adições criativas resultam em uma aventura mais catártica. Já em “O Rei Leão”, o resultado é pálido e qualquer afinidade, precisa ser dito, advém da nostalgia de cada um. Esta nova versão definitivamente não é um filme que se resolve sozinho.

E é triste constatar que nem as icônicas cenas musicais são interessantes. Talvez as únicas proveitosas sejam “Hakuna Matata” e “Quem Dorme é o Leão”, e muito disso porque são lideradas pelos amigos Timão e Pumbaa, os verdadeiros astros do filme. Assistir a este “O Rei Leão” só deixou a vontade de conferir um spin-off estrelado pela dupla, responsável pelos melhores momentos, quase todas cômicos, do longa. O vilão Scar também está ótimo, e a imposição da voz do ator Chiwetel Ejiofor é espetacular, sem dúvidas, a melhor composição vocal entre os personagens dublados.

Introduzindo uma canção interpretada pela cantora Beyoncé, que também empresta a voz para a leoa Nala na fase adulta, “O Rei Leão” quis impressionar com o primor técnico. E conseguiu. No entanto, ficou devendo na escala épica e na emoção, principais atributos que tornaram a animação dos anos 1990 uma obra inesquecível.

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