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19 de abril de 2024

Términos de relacionamentos


Por Victor Simião Publicado 11/07/2019 às 17h00 Atualizado 23/02/2023 às 11h34
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A minha terapeuta já me disse mais de uma vez: eu tenho problemas com términos. De qualquer tipo. Um amigo que vai embora da cidade, um vizinho que se muda para um bairro distante e é necessário pegar ônibus a R$ 4,30 em Maringá para conseguir vê-lo. Todo rompimento para mim é uma tristeza, que me leva, às vezes, a ações irracionais. Ainda não sei como lidar com o adeus, com o término, com o fim. Não sei se conseguirei um dia. Mas eu tento. Juro.

Eu e minha terapeuta, aliás, temos um exemplo de tentativa de superação. Quando ela me disse que iria se mudar da cidade, que não poderíamos mais fazer nossas sessões, contive o choro e desejei boa sorte. E se furei os pneus do carro dela, mandei 112 mensagens pelo WhastApp e envie 37 e-mails pedindo para que ela ficasse foi por conta da irracionalidade que insiste em permanecer em mim. Tenho tentando mudar. Juro.

Meus traumas de término me levam a conversar até hoje com as minhas ex-namoradas. Uma delas, a Clarice, quando procurada, tempos atrás, se fez de boba, não quis muita conversa. Disse várias e várias vezes que não se lembrava de mim. Enviei a ela uma foto, então. Páscoa na Escola. Ela foi a responsável pelo primeiro beijo que ganhei na bochecha, foi a minha primeira namoradinha. Abril de 1998, tínhamos quatro anos – mas ela garante não se lembrar.

O leitor atento já deve ter percebido: falei, falei e não disse nada nesta crônica. Após um longo período sem escrever por aqui, tenho vontade de apenas continuar digitando nesta folha em branco, buscando não chegar ao fim desta coluna. Mas é necessário que o faça, que eu dê algum motivo para me valer dessas histórias. Tudo chega ao fim, eu sei, e ainda choro – e, sim, às vezes furo o pneu do carro para lidar com o término.

Contarei o motivo desta crônica. Agora. Juro. O razão é o mês passado. 

Sabe lá Deus o motivo, mas em junho vários casais que conheço colocaram o ponto final em seus relacionamentos. Coincidentemente ou não, junho foi o mês com o maior número de “Oi, sumida” enviados na história de Maringá, segundo o DataSimião.

Uma das minhas amigas que terminaram o relacionamento me procurou. Sabendo de minha dificuldade de dar pontos finais às situações cotidianas, queria uma opinião verdadeira de alguém que avalia friamente a possibilidade de um fim. Deveria ela continuar em um namoro de quatro anos ou não? Segundo minha amiga, o namorado tinha alguns problemas. Eis os principais: ele agia como criança, apesar dos seus mais de 30 anos, é metido a erudito – cita filósofos do século XIX para discorrer até sobre futebol de botão – e tem mau hálito.

– Termino ou não, Victor? – ela me questionou.

Refleti sobre a minha resposta e fiz uma pergunta derradeira, antes do veredicto.

– Ele gosta de Raça Negra?
– Não.
– Pois que acabe o relacionamento hoje – sentenciei.

Teve o caso de um amigo que levou um pé na bunda também. A esposa, após sete anos de casamento, decidiu encerrar o matrimonio. A história deste sujeito, aliás, é intrigante. Me acompanhe, leitor que ainda está por aqui.

Certa vez, meu amigo procurou um colega de empresa e disse a ele que a esposa era viciada em sexo, que ela só pensava em embolar os corpos, fazer gostoso, molhar os lençóis, brincar a sério, gritar mas de prazer, ser elevada aos céus mesmo sentada, jogar sinuca ao contrário. Ele não aguentava mais isso: queria sentir o amor. O amigo, então, propôs uma ajuda.

– Eu falo com a sua esposa. Me passe o WhatsApp dela – teria dito o fulano a esse meu amigo.

O meu conhecido, agora divorciado, obedeceu a ordem. A esposa, como que por milagre, nunca mais exigiu sexo. Meu amigo até hoje não entendeu por quê.

E assim seguiu junho, com as histórias de términos. Sinceramente, não sei como as pessoas lidam com finais de relacionamentos. Eu, seja o tipo que for, não gosto de chegar a nenhum tipo de adeus. Fico triste, não quero que acabe.

Agora, terminando esta crônica, peço desculpa ao leitor que me aguentou até aqui, lendo todo esse sentimentalismo barato. Sim, eu sempre soube: todo começo já é o início do fim. Me despeço aqui, então.

Com uma lágrima dos olhos, sabendo do fim, digo adeus.

Mas semana que vem, espero!, eu volto.

Agora, com licença, vou procurar alguns pneus para furar.

Pauta do Leitor

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