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18 de abril de 2024

Rolando Bruno


Por Rafael Donadio / Coluna "Ao pé duvido" Publicado 18/07/2019 às 19h32 Atualizado 23/02/2023 às 13h25
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Tive o prazer de entrevistar o músico paraense Félix Robatto, na semana passada, e ele me falou algo interessante: “Não digo que a guitarrada é parecida com a surf music, mas eu sempre comparo, porque são músicas instrumentais de guitarra para a galera dançar. Só que uma é lá na beira do mar, na Califórnia (EUA), e outra é aqui na beira do rio, na Amazônia. A guitarrada é música de ribeirinho.”

Nunca havia reparado nessa similaridade e fui procurar músicas de Mestre Vieira. É isso, o criador da guitarrada é também um dos melhores guitarristas de surf music do mundo.

Não sou nenhum especialista em música latina nem de suas raízes, mas tudo fez sentido dentro dessa careca depois das palavras de Félix. Rolando Bruno, argentino que denomina a própria música como “cumbia trash”, agora se tornava mais interessante. Aquela cumbia realmente trash pega pelo quadril, leva pelo braço, e faz todo mundo bailar, mesmo que sentado, escrevendo para a coluna. Por isso, ela continuou incubada em meu cérebro e eclodiu quando começou a reverberar o ritmo da música latina, da guitarrada, da lambada.

Rolando Bruno fez parte da banda de sixtie rock, garage e punk Los Peyotes (ARG/PER). Pesquisando músicas da década de 1960 e 1970 do Perú, sons voltados para o garage rock e psicodélico, o músico se deparou com a cumbia. Mais especificamente, com Los Mirlos e o som da guitarra estilo surf music. Formada na década de 1970, Los Mirlos é reconhecida pela criação da cumbia amazônica, uma das manifestações da cumbia peruana. Coincidentemente, o grupo nasceu em uma cidade ribeirinha, Moyobamba, banhada pelo grande Rio Mayo. Cumbia também é música de ribeirinho.

Além disso, a chicha peruana foi apresentada em peso a Rolando pelo DJ Sonido Martínez. Chicha é outro ritmo peruano, desenvolvido na década de 1970, derivado do rock psicodélico e da cumbia.

Assim como Mestre Vieira despertou o interesse do roqueiro paraense da antiga banda La Pupuña para a guitarrada, Los Mirlos despertou o interesse do roqueiro argentino da antiga banda Los Peyotes para a cumbia peruana.

Deu no que deu:

Os clipes e apresentações de Rolando Bruno exemplificam bem o termo “cumbia trash”. Mas, como ele mesmo disse, em entrevista para o site La Izquierda Diario: “O que faço é sério. Tem a sua cota de humor e bizarrice, mas é o que busco em minha proposta, o que quero transmitir.”

Como também é possível notar pelos vídeos, essa séria bizarrice é feita apenas por Rolando durante gravações e apresentações, mesmo quando se apresenta com “Su Orquestra Midi”, alusão ao Musical Instrument Digital Interface (MIDI): linguagem que permite que computadores, instrumentos musicais e outros hardwares se comuniquem, utilizando sequenciadores para gravar, editar, enviar e reproduzir essa linguagem. Ou seja, ele faz tudo sozinho, mesmo equipado apenas por uma guitarra, programações e samples.

Ou fazia. Neste ano, Rolando se uniu ao Grupo Arevalo para gravar o disco “El Mundo Está Cumbiando”. Assim como retomou a carreira ao lado de uma banda, no estúdios e nos palcos, o músico retomou a sonoridade rock. Ou talvez nunca a tenha deixado. Enfim, o importante é que o álbum coloca, de fato, o mundo para cumbiar.

Rolando Bruno tem o disco “Bailazo” (2015), realmente solo, e o disco “Cumbia Reaction” (2013) e o compacto “Supermercado Chino” (2016), com Su Orquestra Midi. Com o Grupo Arevado, Rolando gravou apenas o disco “El Mundo Está Cumbiando” (2019).

Foto de capa: divulgação

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