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19 de abril de 2024

Acontecência Avoada


Por Rafael Donadio / Coluna "Ao pé duvido" Publicado 12/07/2019 às 19h00 Atualizado 23/02/2023 às 11h52
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Avoada é uma acontecência, uma junção de energias fortes”, assim define Marília Parente, compositora e musicista arretada de Exu (PE), o encontro de quatro artistas de Recife. A imprensa insiste em chamar de banda, eles próprios, por falta de nome melhor, chamam de projeto, mas, no fundo, Avoada simplesmente é. “Ser o que a gente é sempre será a maior postura política”, completa Marília.

Formada por Marília Parente, Juvenil Silva, Feiticeiro Julião e Marcelo Cavalcante, essa linda e forte acontecência nasceu da vontade de soltar a voz no mundo, colocar as asas e os sonhos para voar em um país que está mais triste do que nunca. Por isso, Juvenil e Marília denominam as canções de canções urgentes.

“Chamamos de canções urgentes, porque a hora de lançar é agora. Bolsonaro é o presidente do Brasil, e aí? Onde que fica a arte, o sonho, a alegria e a felicidade? É o governo de combate à alegria e combate aos sonhos, mas eles não vão cortas nossas asas.”

Ainda remetendo as asas da Avoada, Marília lembra da cidade natal, Exu, terra do grande Luiz Gonzaga. “Na música nordestina, Luiz Gonzaga falou tanto das asas também. Paro para pensar agora nas asas de Exu, ‘Asa Branca’ e ‘Assum Preto’. E a gente abre nossas asas e grita por liberdade e ninguém vai calar nossa voz, ninguém vai parar nosso voo. Nossa juventude precisa voltar a sonhar, precisa ser menos pragmática. É uma geração muito pragmática. Avoada traz esse sentido de sonho, de acreditar, de sonhar.”

A ideia de fazer a Avoada surgiu há alguns anos, ainda sem nome, e até hoje sem muita definição, mas com muitos objetivos claros. Juvenil e Marília moravam no mesmo apartamento e queriam juntar outros artistas para fazer uma turnê. Não deu certo, mas a ideia da turnê continuou na cabeça dos dois. Ele, mais próximo de Feiticeiro e ela mais próxima de Marcelo. As referências eram as mesmas: rock rural, folk rock, rock psicodélico e música popular nordestina. Não tinha muito o que dar errado. “Juvenil arrastou Feiticeiro, eu arrastei Marcelinho e caímos na estrada”, resume a voz feminina do quarteto.

Primeiramente, juntou-se as músicas já existentes com a pegada mais nordestina dos quatro e começaram os primeiros ensaios. Logo vieram composições próprias, as tais canções urgentes. E muito necessárias. No primeiro show da tão discutida turnê, em Recife, o dono do Malunguim Studio, Mario Sergio, chegou com a ideia de gravar o EP. E assim foi.

“Quando a gente olhava pra trás e via as canções de protesto, Bob Dylan e Belchior, nunca achamos que iríamos viver nesse tipo de delírio coletivo. De repente, a gente se pega com isso aparecendo como um fantasma que vimos que não estava morto, mas esperando a hora certa de voltar e massacrar a sociedade democrática. O EP traz músicas urgentes, canções de protesto”, explica Juvenil.

Mas a turnê estava apenas no começo. Em uma época em que incentivos culturais estão escassos e o público prefere, muitas vezes, ficar em casa e assistir Netlfix, a prestigiar artistas com músicas autorais, Avoada foi atrás. Foi atrás do público e abriu as asas mais uma vez para se jogar no interior de Pernambuco, com uma das asas na frente e a outra atrás. Não tiveram onde dormir, usaram roupas que pessoas lhe deram, dormiram em motel e continuam voando.

As quatro músicas do EP foram gravadas no Malunguim Studio (PE) e mixadas e masterizadas por Pierre Leite. O trabalho conta com participações especiais dos músicos Alexandre Baros (percussão e bateria) e Ugo Barra Limpa (guizos e efeitos).

Do lirismo de “Diário de Bordo” (Marília Parente/Juvenil Silva), passando pelo pop rural “Fantasma” (Feiticeiro Julião), até os posicionamentos políticos mais contundentes de “Avoada” (Marcelo Cavalcante/ Juvenil Silva) e “Nas Ruas onde estão as pessoas” (Juvenil Silva), o EP denota forte influência da música nordestina dos anos 1970, do folk de Bob Dylan e do rock rural de Sá e Guarabyra e Zé Rodrix.

“A importância da Avoada é, primeiramente, o encontro de compositores que têm uma verdade em comum na música, como instrumento de libertação e contraponto ao cerceamento à liberdade”, frisa Marcelo Cavalcante.

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