Lua Lamberti de Abreu será a primeira mestre travesti formada pela UEM
O Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), agendou para esta sexta-feira (22), a defesa da dissertação de Lua Lamberti de Abreu, que será a primeira travesti a concluir um curso de mestrado na UEM.
A apresentação do trabalho terá início às 14 horas na Oficina de Teatro. A qualificação foi realizada no dia 17 de agosto do ano passado.
Lua disse ao portal GMC Online que considera importante ser a primeira travesti a concluir um mestrado na universidade. “É uma maneira de mostrar para o mundo que isso é possível, que as pessoas trans existem, que estamos aqui e vamos ocupar esses espaços porque nós podemos e precisamos.”
Além disso, ela ressalta que é positivo apontar a pós-graduação como um caminho possível para outras pessoas trans.
“O marcador da travestilidade sempre fecha portas, então, quando uma pessoa trans se vê nesse espaço é revolucionário”, comenta.
Ela também relata que teve muito apoio na universidade tanto na graduação, quanto no mestrado. “Eu me entendi travesti em uma rede de afeto e proteção, com apoio de amigas e professoras. Sei que essa é uma realidade privilegiada e tenho muita gratidão pelas pessoas que cruzei dentro da UEM, porque foram elas que me ajudaram”, afirma Lua.
Sob orientação da professora Eliane Maio e co-orientação da professora Roberta Stubs Parpinelli, Lua defenderá o trabalho intitulado Pe-Drag-Ogia como modo de Tensionar/Inventar Territórios Educacionais Heterotópicos que, em síntese, discute o apagamento e a inacessibilidade de pessoas trans nos territórios formais da educação.
Lua desenhou um mapa de referências, sejam elas artísticas, midiáticas, literárias, científicas ou acadêmicas, problematizando as funções e relações da artista transformista, em vias de nomear um movimento pedagógico, que resiste e subverte espaços formais excludentes e ao mesmo tempo seja capaz de positivar experiências marginais, portanto, um movimento de Pe-drag-ogia.
Vale destacar que a mestranda utiliza-se do recurso metodológico da autoficção, pelo qual há um diálogo entre autora e sua persona Drag, deslocando as noções de educação por um eixo ético-estético-político de ser e estar no mundo, pensando a partir de territórios educacionais que possam ser mais receptivos e potentes para pessoas que não são bem-vindas aos meios hegemônicos.
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