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24 de abril de 2024

Comunidade venezuelana organiza protesto contra Maduro em Maringá


Por Redação GMC, com Sylvia Colombo (Folhapress) Publicado 23/01/2019 às 13h42 Atualizado 19/02/2023 às 18h01
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A crise política na Venezuela obrigou diversas famílias a deixarem o próprio país em busca de condições melhores de vida. A comunidade venezuelana que vive hoje em Maringá, apesar de distante do país, ainda luta pela população que ficou em meio ao caos. Para expressarem o descontentamento com o atual cenário político e econômico da Venezuela, os refugiados estão organizando um protesto  para esta quarta-feira (23), na Catedral de Maringá.

“A gente está pedindo eleições livres, em igualdade de condições. É esse o nosso grito hoje: liberdade, para que mais pessoas não sejam forçadas a deixar o país [e] pela renúncia do Nicolás Maduro, ditador”, afirma o venezuelano Erick Pérez Ortuño, um dos organizadores do ato. Missionário em Maringá, chegou a cidade há três anos.

Segundo ele, o protesto é aberto a toda a população. “Pode participar qualquer um que acredite na liberdade, na democracia. Brasileiros e pessoas de qualquer nacionalidade. Podem levar bandeiras de qualquer país”, destaca. A organização pede que as pessoas compareçam ao protesto vestindo camiseta branca, em expressão de paz. A comunidade deve se reunir em frente à catedral às 20h. 

Hoje, aproximadamente 70 venezuelanos moram em Maringá.

Novos protestos na Venezuela testam união da oposição contra Maduro

Enquanto os congressistas da Assembleia Nacional da Venezuela, declarada nula pelo Supremo Tribunal de Justiça na segunda (21), se reuniam para debater o esboço de um plano de transição no caso de queda do ditador Nicolás Maduro, as ruas de Caracas já mostravam sinais de dias inquietos.


Depois da rebelião dos 27 oficiais da Guarda Nacional Bolivariana, também na segunda, que terminou com a prisão dos revoltosos, os “coletivos” (milícia civil de apoiadores de Maduro) passaram a vigiar os movimentos dos habitantes do bairro em que se deu o levante, Cotiza.

Além de gás lacrimogêneo, usaram também armas de fogo assassinaram uma mulher de 38 anos, Nicar Bermúdez, com um tiro na cabeça.

É neste cenário de tensão que vai ocorrer nesta quarta (23) uma marcha para pedir a renúncia de Maduro. O ato, que sairá de distintos pontos de Caracas, foi convocado pela Assembleia Nacional, presidida por Juan Guaidó, 35.
“Eu não tenho dúvida de que será um êxito, e que as forças de segurança já não são as mesmas de 2017, houve muitas baixas, e não poderão nos conter. De nossa parte, nós queremos que seja uma marcha pacífica”, disse Guaidó à Folha de S.Paulo no último sábado (19).

Ele se referiu a onda de atos em 2017 que durante três meses tomou as ruas da capital para protestar contra a criação da Constituinte (inteiramente dominada pelo chavismo) e que deixou 130 mortos. “Temos que sair, todos, basta de aguentar tudo isso, as crianças morrendo sem remédio. Essa marcha tem de ser um êxito”, diz a produtora Maria Carolina Ocque, sobre o ato desta quarta.

O governo, porém, promete responder a manifestação. Nesta segunda, o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, acusou o partido de Guaidó, o Vontade Popular, de estar por trás da rebelião militar de Cotiza – que classificou como terrorista. Ele disse ainda que o deputado “vem recebendo ordens diretamente do vice-presidente dos EUA, Mike Pence”. O americano publicou um vídeo nesta terça no qual mistura palavras em inglês e em espanhol para declarar apoio a Guaidó e aos protestos.

O chanceler brasileiro Ernesto Araújo também manifestou, de forma indireta, apoio a oposição ao chamar Maduro de “ex-presidente” nesta terça (22) – a Assembleia Nacional não reconhece o atual mandato do ditador. Líderes opositores no exterior também se manifestaram a favor dos protestos, como Antonio Ledezma (ex-prefeito de Caracas) e Julio Borges (ex-presidente da Assembleia Nacional).

Embora a manifestação desta quarta seja a de maior destaque, os protestos antiditadura já começaram na madrugada desta terça nos municípios de Libertador e Catia (próximos a Caracas). As duas regiões são tradicionalmente enclaves chavistas, diferentemente das áreas de classe média e alta no lado leste de Caracas, onde os atos anti-Maduro se concentraram nos últimos anos.

Nos dois locais as forças de segurança e as milícias que apoiam Maduro reprimiram os atos com violência, mas não há informação de feridos graves. Alguns, porém, tem medo que as cenas de violência de dois anos atrás voltem a se repetir. “Nós também achávamos que as manifestações de 2017 iam colocar freios a esse governo ou até fazer Maduro renunciar. E o resultado, para mim, foi um sobrinho morto. Eu não sairei nem deixarei que meus filhos saiam”, afirmou Eulimar Gutiérres, 39.

O sucesso da marcha, assim, depende de como será a resposta a uma possível repressão do governo – e também se a oposição conseguirá se manter unida. “A oposição venezuelana se desmoralizou diante da população depois do referendo de julho de 2017”, disse à reportagem María Corina Machado, que lidera uma das alas da oposição, a Vente Venezuela.

Na ocasião, afirma ela, a população votou massivamente na oposição para que esta lutasse por eleições diretas. “E o que esses líderes fizeram? Foram negociar com Maduro, e Maduro os enganou, prometeu coisas que não fez e roubou todas as eleições”, afirmou María Corina.

A opinião é compartilhada pela vendedora Yuli Ortíz, 25, uma dos milhões de venezuelanos que fugiram do regime Maduro – ela mora em Buenos Aires. “Ou muda tudo lá, inclusive a oposição, ou a gente não volta, e ainda vamos mandar trazer minha mãe, que ficou lá sozinha”, disse.

Juan Guaidó tem, assim, a chance de se consolidar como principal nome da oposição, sem a bagagem dos antigos líderes. 

Por Sylvia Colombo, Folhapress 

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