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19 de abril de 2024

Mostra multicultural Coletiva inaugura terceiro momento expositivo


Por Redação GMC Publicado 15/02/2019 às 11h14 Atualizado 20/02/2023 às 02h01
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A Coletiva Mostra Multicultural inaugurou no último dia 31 a terceira mostra do projeto, com o tema “Entre a permanência e a obsolescência na arte”, que expõem obras de quatro artistas filiados à Macuco (Maringá Cultural Cooperativismo): Edson Xavier Antunes, Maria do Carmo Albuquerque, Maria Goretti Bernardes e Ronis Furquim. A exposição continua aberta gratuitamente até o dia 13 de abril, de segunda a sexta, das 9h30 às 13h e das 14h30 às 19h, na sede da Coletiva (Rua Padre Vieira, 443, Zona 7).

No dia da inauguração, o espaço contou com a presença de Edson Xavier Antunes, Ronis Furquim e a curadora Isabel Cristina Bogoni, para a primeira roda de conversas deste terceiro momento expositivo. Em breve, uma nova conversa será realizada para discutir um pouco mais sobre a mostra e a cultura na cidade.

“O tema é uma dicotomia entre duas coisas que só existem por que seu contrário existe. Aplicado como tema, leva a pensar no intrigante que é criar arte com a premissa de que tudo já foi feito. A reflexão é sobre o que exatamente permanece daquilo que fazemos de nossa arte?” Esse é o questionamento levantado pela curadora.

Isabel ainda explica que os objetos precisam da objetividade da existência, desenvolver um questionamento, ter uma presença. É a isso que ela se refere sobre ser permanente. Em relação a obsolescência na arte, a curadora afirma que, na maioria das vezes, tudo vai se desconstruindo, tanto no campo das artes quanto na vida de qualquer pessoa. Tudo vai se desfazendo e desintegrando.

“Por que eu pergunto isso na arte? Porque é meio lógico, mas ao mesmo tempo é meio difícil de compreender. É lógico porque grandes obras, obras que a gente diz ser transcendentes ou obras com grandes áureas, realmente são permanentes. Transformam-se em novos tipos de imagens, novas mídias, novos suportes, mas continuam sendo e carregando os mesmos conceitos. Obsoleto, porque, ao mesmo tempo, são feitas com técnicas que não se utilizam mais, afresco de parede, maneira canônica de representar, por exemplo”, aponta.

A técnica utilizada por Ronis Furquim é um bom exemplo dessa permanência e obsolescência na arte. As obras expostas por ele são fotografias manipuladas digitalmente, onde foi aplicado o efeito anaglifo (ou 3D), que precisa de óculos especiais (aqueles com lentes azul e vermelha) para ser apreciado. Ao utilizar o efeito anaglifo, o artista maringaense recorre a uma técnica desenvolvida em meados do século 19. Assim, ao utilizar, na atual era digital, essa tecnologia “obsoleta” e analógica, as obras expostas, ao fazer essa ligação entre o moderno e o antigo, questionam o que permanece do nosso esforço criativo-artístico.

“O visitante é levado a uma interação não usual com a exposição, pois esse sai da posição de observador passivo e participa dessa diferenciada proposta sensorial, saindo da sua zona de conforto, para vivenciar uma experiência não convencional nesse tipo de ambiente expositivo. Daí vem a ‘permanência’, pois a proposta é que o ineditismo dessa experiência seja lembrado pelo visitante”, esclarece o artista.

O engajamento entre os trabalhos apresentados pelos quatro artistas se dá pela lógica do desejo criativo de representar os objetos pela expressividade e pela experimentação. A arte como uma cura para as buscas incessantes em dar sentido e significado ao próprio mistério que a arte leva consigo, nos convida a olhar para essas mudanças tão gritantes entre o fazer do homem e as novas tecnologias.

No caso de Edson Xavier Antunes, a obra dele é o contra ponto da obsolescência. O painel construído com sucatas de madeira, teve início no garimpo de matéria prima descartada, onde surge a recriação e a permanência. Com penduricalhos “estranhos”, peças do cotidiano e objetos que remetem a infância, os materiais do trabalho sempre apontam um ciclo da vida do autor.

As ceramistas Maria do Carmo Albuquerque e Maria Goretti Bernardes apresentam dois tempos diferentes no uso da cerâmica: a primeira marca o tempo da transferência, da vivência entre gerações, com peças no estado cru ou cozido. A segunda marca o tempo na ambiguidade entre a rigidez e a maleabilidade, naquilo que o objeto, mesmo enquanto suporte cerâmico, transmite. As duas artistas se distanciam deste nosso aqui e agora se pensarmos em como o avanço da Inteligência Artificial começou a dar vida a objetos inertes, mas se aproximam do alimento incessante que a criatividade humana precisa.

Confira algumas das obras expostas. Fotos: Fenda

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