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17 de abril de 2024

Sino pequenino


Por Passeio Publicado 12/12/2018 às 19h00 Atualizado 19/02/2023 às 08h48
 Tempo de leitura estimado: 00:00

O fim do ano sempre me dá uma sensação horrível, uma angústia praticamente indescritível. Mas eu sei que não se trata do calendário. O calendário é apenas um jeito criativo que nós inventamos para datar nossa indatável existência. Pois sim, se todos vivemos dentro da história e a construímos com nosso próprio tempo, também sabemos que por dentro não há tempo, não há passado nem futuro, apenas o incontável presente. A agonia que me toma nessa época se dá basicamente pela forma como se organiza a cidade. Vejo pessoas andando pelas lojas como se fosse esse o sentido de suas existências.

O comércio fica aberto até mais tarde, e parece que isso é bom, pois os funcionários e funcionárias fazem horas-extras e conseguem ganhar um dinheirinho a mais para gastar em outras lojas que ficam abertas até mais tarde. Me desculpe se meu tom parece pessimista. De fato, não é essa a intenção. É que meu coração dói sempre que penso como podem ser tão levianos os objetivos de vida que nossa sociedade nos impõe. Viver é isso? Andar por calçadas lotadas em busca de presentes e agrados baratamente produzidos na china?

Não sou contra o consumo. O que penso apenas é que o consumo deve ser usado a nosso favor. O que acontece é o extremo oposto, nós somos usados pelo consumo que nos acorda a cada manhã e colhe nosso suor nossas lágrimas e depressões para que tenhamos acesso a um carro um pouco melhor ou a uma roupa desse ou daquele jeito.

E nas festas as famílias se reúnem para celebrar o amor, a paz e, sobretudo, para fingir que não se suportaram ao longo do ano, para colocar embaixo do tapete as violências, os abusos e as traições dos trezentos e poucos dias. Todos se embriagam como se esse fosse o sentido original de divertir-se.

Mas, em todo caso, me desculpe pelo pensamento pesado. Vamos celebrar com muito vigor e positividade. Vamos comer até passar mal, beber até esquecer o rumo de casa, falar de projetos que não se realizarão no próximo ano e esquecer um pouco que os pobres aumentam nesses dias aos milhões.
Não podemos deixar de aproveitar esse momento. Festejar! Celebrar! Comprar, comprar, comprar. A vida é mesmo uma dádiva, não é?

Sigamos fazendo tudo o que somos obrigados a fazer, pois como toque de caixa o pequeno sino segue a tocar. Escute! O sino está a tocar.

Pauta do Leitor

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