Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso site, personalizar publicidade e recomendar conteúdo de seu interesse. Ao acessar nosso portal, você concorda com o uso dessa tecnologia. Saiba mais em nossa Política de Privacidade.

16 de abril de 2024

As porradas que o futebol maringaense nos dá…


Por Felipe Augusto / Jornalista maringaense e editor da Revista Série Z Publicado 01/04/2019 às 10h00 Atualizado 20/02/2023 às 21h39
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Era 8 de novembro de 2008! Peguei o ônibus rumo a Maringá, pois moro em Floriano. Era um sábado e todos os sábados, eu tinha um compromisso: ir à banca de revistas para comprar o jornal Lance!, que nesses dias vinha com uma revista de brinde. Eu não me lembro se o comprei no dia, pois a minha memória é outra. Do lado da extinta Pita Calçados, há uma banca. Fica ali na esquina da Avenida Brasil com a Rua Basílio Saltchuk. Eu vou de encontro e vejo um escudo como destaque no cabeçalho da capa do jornal Hoje. Ali, anunciava-se a desistência do ADAP/Galo Maringá em disputar o Paranaense 2009, em meio a um retângulo azul. Eu nunca esqueci essa imagem. Foi nesse momento que eu passei a entender o futebol da cidade onde nasci.

O tempo passou, me interessei mais e mais em pesquisar o futebol maringaense, até que cheguei naturalmente ao jornalismo. Certa vez, entrevistei o Cláudio Viola, editor de Esportes d’O Diário, e a minha pauta era sobre a história do futebol daqui. Nesse momento, o Grêmio Maringá (de Aurélio Almeida) e o Grêmio Metropolitano (atual Maringá FC) simultaneamente disputavam a atenção dos poucos maringaenses que iam ao estádio. Quando “voltei no tempo”, falando sobre os títulos da cidade nos anos 1960 e o de 1977, Viola pontuou as diferenças “jurídicas” dos Grêmios e citou algo do tipo: “Não perpetue com a desinformação”.

É comum pegar qualquer revista Placar que mostre os campeões do Paraná e lá estar: “Grêmio Maringá | 3 títulos”. Já estava em um momento de conhecimento maior da história do futebol local para discordar da afirmação. A cidade de Maringá tem três títulos, divididos entre Grêmio Esportivo Maringá, campeão de 1963 e 1964, e o Grêmio de Esportes Maringá, originário do Esporte Clube Operário, vencedor de 1977. São pessoas jurídicas diferentes. “Ah, mas o nome é igual”. Como disse, a desinformação não pode ser propagada.

Em 2017, na Revista Série Z, publiquei uma linha do tempo do futebol maringaense, que demonstra a confusão que se configurou na história, com vários Grêmios e dois MFCs. Antes disso, passei a não conseguir me referir a algum clube da cidade nas rodas de conversa e discussões de redes sociais, passando sempre a usar o termo “futebol maringaense” para explicar a relação torcida e “clube(s)”.

Toda essa estrutura que citei é apenas para dar base ao que vivemos em Maringá: a porradaria do futebol contra eu, você e todo amante do futebol local. Desde 2001, que tenho lembranças do Willie Davids, desde então fui maltratado pelos “deuses do futebol”.

Vi um (dos) Grêmio(s) Maringá se extinguir e ficar nas mãos de quem nunca deveria ter assumido. Vi o Galo Maringá surgir, me iludir com um acesso nacional e fechar as portas. Vi o atual Maringá FC, que já foi Alvorada, Metropolitano, surgir, bater na trave, reacender a chama, mudar de nome, ser finalista estadual, mas cair duas vezes. Eu já tomei muita porrada!

Maringá é um lugar a parte quando se trata de futebol. Sabe o “lugar de fala” que é comumente dito nos movimentos sociais? É quando você não precisa de um mediador para falar sobre algo em que é o protagonista! Então, eu sou meio assim quando vejo pessoas de fora falando sobre o futebol daqui. Só quem é de Maringá (e região), que realmente entende o que é o desporto local. Com exceção de alguns, o maringaense não torce para um clube, ele torce para o futebol local. O maringaense é carente quando o assunto é futebol. Nos agarramos nos clubes que aparecem, pois o amor pela bola se tornou maior do que especificamente por um clube – frisando, exceto em grupos. Sabe porquê? Pelas porradas que tomamos, seja na década que for.

Muitas vezes se vive uma megalomania por aqui, principalmente impulsionada pela imprensa. Nos vemos em lugar maior do que estamos. Temos história no futebol paranaense? A cidade, sim! Os clubes? Talvez! São pequenos períodos de glória com a cisão vindo logo em seguida (tomara que não aconteça mais).

O maringaense passou a se entregar as agremiações fundadas, mas sempre com pelo menos um pé para trás. “O time está bom! Tomara que fique assim, pois se entrar em crise pode acabar de novo. Será que eu vou me decepcionar de novo? Eita”.

Atualmente, temos dois clubes na cidade. O Maringá FC foi rebaixado, novamente. Fora das quatro linhas, finalmente entendeu que precisava de uma identidade própria, mas isso não é o bastante. Tanto que mais uma vez caiu. Lá embaixo, na Terceirona Paranaense, está o Grêmio Maringá, que não adianta reclamar: não tem nada a ver com o campeão dos anos 1960, que é diferente, também, daquele de 1977. Ok! Tem o nome, o mascote e as cores iguais que conseguiram igualizar positiva e negativamente os símbolos de uma história tão bonita, mesmo que curta. A queda do primeiro Grêmio e todo desdobramento posterior explicam muito o que somos hoje.

Por tudo isso, até cheguei a apelar para a superstição: “Acho que só quando for embora de Maringá que o futebol daqui cresce”. Eu procurei respostas desesperadas, amizade! Ainda nesse meio, eu já tive a clara ideia de que para o futebol maringaense crescer, deveria esquecer o nome “Grêmio”, o galo, o preto e o branco para um clube. Que tal, um nome diferente, um pavão (escolha aleatória), o azul e o laranja? A memória afetiva dos mais nostálgicos ia explodir, ainda mais que é comum ouvir nas arquibancadas do WD, um “ô, saudade do Grêmio”. Meu maior sonho no futebol é ver um clube da cidade na Série B. Nem precisa da Série A. Já ficaria feliz demais em ter um jogo contra o Náutico em uma noite de terça-feira qualquer.

Cansa tomar porradas? Cansa muito! Você deve estar se perguntando se irei deixar o futebol maringaense de lado. A resposta é: eu não consigo e nem posso…

Pauta do Leitor

Aconteceu algo e quer compartilhar?
Envie para nós!

WhatsApp da Redação
Geral

Criança de 4 anos é localizada sozinha às margens de rodovia Federal em Goiás


Policiais Rodoviários Federais de Goiás resgataram uma criança caminhando sozinha pela Rodovia Presidente João Goulart (BR-153) no trecho que liga…


Policiais Rodoviários Federais de Goiás resgataram uma criança caminhando sozinha pela Rodovia Presidente João Goulart (BR-153) no trecho que liga…

Geral

Dívidas de IPTU e ISS em São Paulo terão desconto de até 95% em juros e multas; veja como


A Prefeitura de São Paulo divulgou a data de início para o Programa de Parcelamento Incentivado de 2024 (PPI 2024)…


A Prefeitura de São Paulo divulgou a data de início para o Programa de Parcelamento Incentivado de 2024 (PPI 2024)…

Geral

Yellen: Trabalhamos com Brasil para facilitar um maior acesso ao financiamento climático


A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou nesta terça-feira, 16, que está trabalhando com o Brasil, que…


A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou nesta terça-feira, 16, que está trabalhando com o Brasil, que…