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19 de abril de 2024

Amarelo Maringá


Por Wilame prado / No Plural Publicado 23/08/2019 às 20h23 Atualizado 24/02/2023 às 00h18
 Tempo de leitura estimado: 00:00

Ninguém notou aquele sol das oito da manhã em Maringá. O amarelo contaminou ruas e vielas, praças e avenidas. Era um amarelo mais bonito que o amarelo do mar caribenho às três da tarde, na Jamaica (a cor preferida de García Márquez). As pessoas nem notaram que não fazia tanto frio. Que estavam diante de um milagre. O milagre do dia seguinte, do dia pós dia. Um novo dia para simplesmente se dizer bom dia. As pessoas nem notaram que os prédios do Novo Centro finalmente estavam erguidos. Mais pareciam caixas de sapatos em pé, em uma terra de gigantes. Parecia cidade grande. Mas as pessoas nem notaram. Com suas caras de sinusite. Travesseiros atravessados. Fones de ouvido implantados para sempre nos orifícios laterais da mente. Nem assim notaram a beleza da sinfonia. O milagre do shuffle do Spotify. Trilha sonora para o amor, para a vida, para o amarelo e para as cidades. Eles nem notaram uma simples guinada do vento. Jovem para sempre, sempre tentando subir na escada para alcançar as estrelas. Eles nem notaram sequer a gaita de Bob Dylan. Na Amarelo Maringá poucos notaram os arcos do novo terminal. Amarelos. E alguns se lembraram dos Jetsons, carros voadores. Ao fundo, um Sputnik apontando para o Universo, prestes a rasgar a atmosfera. Aguardando todos embarcar. Ao redor seres flutuantes com seus ágeis patinetes. Só que poucos se lembraram de sentir a brisa na cara. E dois carros passaram no sinal fechado. E muitos continuaram falando sozinhos enquanto olhavam seus smartphones. Alguns ainda fumam cigarros andando no meio da rua. Mas poucos notaram as academias cheias de gente. Em plenas oito, em pleno amarelo. Garrafinhas, camisa 100% poliamida. Passou batido, mas na cidade ainda tem pão de queijo a R$ 0,99. Casal de mão dada. Criança e suas risadas. Fezinha na loteria. Cimento, britadeira, braços fortes. Movimento, vida, sol e cor. Naquele dia, ninguém notou, mas um homem andou pelas ruas da Amarelo Maringá com sorriso no rosto, desarmado, feliz, sentindo-se abençoado, lembrando dela.

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