Violência e a força do hábito
Levantamento feito pelo portal G1, com 1.195 crimes ocorridos no país entre 21 a 27 de agosto de 2017 mostra que apenas 5% deles foram elucidados até agora, dois anos depois. 48% deles ainda estão sendo investigados e não foram concluídos. Dos crimes investigados pelo portal, um em cada 5 levaram à prisão dos autores.
Os dados mostram a impunidade no país. Como se disséssemos que o crime compensa. Este é um dos fatores do aumento da violência. O ato de agressão não será punido, o que deixa aqueles que desejam praticá-la em uma condição de conforto. Sabem que será difícil sofrerem as consequências dos atos.
A questão, contudo, não são as leis permissivas. O fator de impunidade é a falta de estrutura para fiscalização, investigação, repressão e principalmente prevenção. Parte considerável dos crimes poderiam ser evitados se fossem feitas políticas públicas adequadas. Deixamos acontecer e não punimos quando acontece.
A luta pela estrutura para o aparato de segurança deve vir em conjunto com a qualificação das pessoas. Os que atuam dentro do policiamento de repressão ou investigação precisam de qualidade. Isto tem um custo. O que parece não é a maior preocupação do poder público. Estamos sempre “enxugando gelo”, como muitas vezes afirmam pessoas ligadas ao policiamento.
E se defendermos a ideia de que a violência é típica de pessoas de má intenção, estaremos simplificando a questão. O meio faz o ser humano e desenvolve um potencial de violência como condição de existência. Não se ingressa na criminalidade por uma questão de genética. O que temos é a naturalização da violência. Considerada uma prática possível e sem impunidade. Em alguns casos é a forma como se trava o diálogo entre as pessoas.
Em quantas regiões periféricas o ambiente que se estabeleceu é o da agressão. O dia a dia é de inconfiabilidade. Cristalizada, a agressividade é pré-requisito de sobrevivência. Toda a orientação recebida desde o berço é para conviver com a condição, mesmo se a escolha seja fazer parte dela ou não.
Romper com este hábito é necessário e urgente. Por isso, a impunidade contribui para estimular a violência. Ela acaba se tornando uma saída fácil. O caminho mais curto para se resolver pendências. Ainda mais em um ambiente onde o repertório de entendimento é precário, limitado. Este é outro ponto importante na análise. A falta de educação mata mais que uma arma de fogo.
A ignorância gera um ambiente para o extermínio.
Se precisamos de mais punição para quem comete crimes, também necessitamos melhorar as condições de repreender e prevenir. A violência não se combate com violência, isto apenas remedia, dá a falsa sensação de ação, mas o que temos é a reafirmação daquilo que mais queremos combater, a criminalidade. Um ambiente de violência gera criminosos.
Geral
Médica grávida é agredida dentro do consultório por paciente no Distrito Federal
Uma médica grávida foi agredida por uma paciente em um posto de saúde da rede pública na Asa Norte do…
Uma médica grávida foi agredida por uma paciente em um posto de saúde da rede pública na Asa Norte do…
Geral
Ministério da Justiça retira Força Nacional das buscas por fugitivos de Mossoró
O trabalho das Forças Nacionais na busca pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte,…
O trabalho das Forças Nacionais na busca pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte,…