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20 de abril de 2024

OLHAR DE CINEMA 2019: OS CLÁSSICOS


Por Elton Telles Publicado 10/06/2019 às 13h46 Atualizado 22/02/2023 às 20h52
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Um dos critérios dos programadores do 8º Olhar de Cinema – Festival Internacional de Curitiba para selecionar os representantes da mostra Olhares Clássicos foi homenagear cineastas que morreram há poucos meses, mas deixaram sua assinatura na história do Cinema.

Além das resenhas abaixo, estão presentes na programação e valem destaque “O Funeral das Rosas” (1969), filme anarquista, experimental e à frente de seu tempo dirigido por um então estreante Toshio Matsumoto, e a obra-prima nacional “Memórias do Cárcere” (1984), de Nelson Pereira dos Santos, inspirada no romance homônimo de Graciliano Ramos.

A LONGA CAMINHADA (1971)
Direção: Nicolas Roeg
De nacionalidade britânica, o proeminente cineasta Nicolas Roeg viaja no início dos anos 1970 à Austrália para fazer um de seus filmes mais importantes. “A Longa Caminhada” retrata a luta pela sobrevivência de duas crianças abandonadas pelo pai no meio do deserto. Cruza o caminho deles um jovem aborígene que se torna um guia (um anjo?) e lhes apresenta o seu estilo de vida, além de encontrarem juntos na árida vastidão alguns momentos de descontração. A obra é de uma beleza singular, tanto a interação entre os personagens quanto, e principalmente, a radicalidade visual do diretor, com planos-detalhes e closes sugestivos da fusão da natureza com a humanidade, a possibilidade de adaptação e de pertencimento. Quando o público se dá conta, está completamente entregue ao surrealismo da história, onde o aspecto enigmático da narrativa também coloca em cheque o que nossos olhos veem. Apresentando um trabalho esplêndido de fotografia – também assinado por Roeg –, montagem e design sonoro, “A Longa Caminhada” é pura poesia filmada.

 

CONHECENDO O GRANDE E VASTO MUNDO (1978)
Direção: Kira Muratova
O amor pelo próximo é o combustível que move adiante a trama de “Conhecendo o Grande e Vasto Mundo”, primeiro longa-metragem em cores da cineasta soviética Kira Muratova. O roteiro por vezes flutuante é centralizado no triângulo amoroso entre Lyuba e seus dois pretendentes, homens bem diferentes entre si. Em segundo plano, acompanhamos a vida diária de operários da construção civil e seus filhos na paisagem rural da antiga União Soviética. Muratova lança um olhar carinhoso à história, uma comédia levemente adocicada e incrivelmente dura quando necessária ao mostrar a reconstrução de um país cheio de cicatrizes. É fascinante a habilidade da diretora de passear nos dois extremos, provocando o riso com admirável espontaneidade para, na cena seguinte, colocar-se como observadora crítica das condições trabalhistas e levantar a agenda feminista em um período que pouco se falava disso – “mãe, eu já disse que não vou casar antes de amar a pessoa”. Remetendo ao cinema do finlandês Aki Kaurismäki – certamente um dos discípulos de Muratova –, “Conhecendo o Grande e Vasto Mundo” é um filme afetuoso à sua maneira.

 

O CONFORMISTA (1970)
Direção: Bernardo Bertolucci
Particularmente, considero “O Conformista” uma das grandes realizações cinematográficas desde sempre. Difícil prosseguir o texto depois desta afirmação, porque é basicamente só elogios para essa obra divisora de águas no cinema. O lendário ator Jean-Louis Trintignant interpreta Marcello, um homem da alta sociedade italiana que aceita a missão da polícia secreta de Mussolini para assassinar seu antigo e intelectual professor. O roteiro é alternado em flashbacks e faz sugestões ambíguas, aliada a uma direção sublime de Bertolucci, para as motivações do protagonista ter se aliado ao partido fascista. Além da história interessantíssima e narrada com exímia destreza, é necessário destacar os movimentos de câmeras arrojados, o uso de cores plural em significados ministrado pelo grande Vittorio Storaro e a trilha sonora de Georges Delerue. “O Conformista” é um filme extraordinário, para a eternidade e, infelizmente, dialoga muito com o Brasil de hoje, fazendo desta uma obra atemporal.

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