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18 de abril de 2024

LAÇOS DE FOFULA


Por Elton Telles Publicado 09/07/2019 às 02h47 Atualizado 23/02/2023 às 10h47
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A Turma da Mônica é um patrimônio cultural brasileiro. Não existe no país outro exemplar da literatura acessível e de linguagem popular que tenha atravessado gerações e atingido crianças de diferentes berços. No começo, os personagens ganharam forma timidamente na década de 1960 com charges na Folha de S.Paulo, e com o passar dos anos, foram recebendo novas configurações, novas aventuras e, claro, novos leitores até se estabelecer como uma das publicações periódicas mais queridas do Brasil.

Das páginas da revistinha para conquistar espaço em outras plataformas foi um pulo. A Turma da Mônica ganhou desenho animado transmitido pela TV aberta, álbuns de canções próprias, jogos eletrônicos, jogos de mesa, brinquedos, pelúcias, material escolar, entre outros itens que integraram a expansão. No cinema, a turminha só deu as caras no formato de desenho em títulos menores, sem repercussão expressiva. Imagina, então, a responsabilidade que caiu sobre os ombros do diretor Daniel Rezende, cuja incumbência foi traduzir o universo afetuoso e nostálgico dos quadrinhos para a realidade. Primeiro live action estrelado pelos personagens que fizeram a infância de muita gente, felizmente, “Turma da Mônica – Laços” é um “tilo celto”.

O filme poderia facilmente cair em armadilhas que o próprio gibi foi vítima, como a frustrada tentativa de trazer os célebres personagens para a modernidade. Na contramão, Rezende se mantém fiel à essência do clássico Turma da Mônica, conseguindo capturar o espírito ingênuo dos quadrinhos e transportar com sucesso para as telonas, correndo o risco de soar, por vezes, “bobo”; pois se no gibi compramos com mais facilidade o Cebolinha se passando por adulto, certamente no filme é muito visível que seria uma ideia fracassada. Ainda assim, é bem-vinda a ousadia de mostrar este truque do menino como uma das primeiras cenas do longa, de antemão se assumindo como um filme de verve infantil, direcionado para as crianças de hoje e para despertar a criança de outrora nos adultos.

“Laços” é o primeiro capítulo de uma trilogia de graphic novels desenvolvidas como projeto de extensão da Mauricio de Sousa Produções. A história conta o misterioso sumiço do Floquinho, o cachorro do Cebolinha. Em missão pra resgatar o seu cão de estimação, ele, Mônica, Magali e Cascão adentram uma floresta proibida para localizar o Homem do Saco. A simplicidade da trama é adocicada com várias referências bacanas, participações especiais (Rodrigo Santoro, o próprio Maurício de Sousa), figurantes de luxo (Cremilda, Clotilde, Maria Cascuda, entre outros) e um dos atributos mais proveitosos na cuidadosa direção de Rezende que é a habilidade de reproduzir cenas como se fossem quadro a quadro no gibi. A melhor ilustração disso é quando Mônica arremessa o coelho Sansão em quem ousa lhe enganar ou chamar de “baixinha, gorducha ou dentuça”.

Pra quem era leitor, a identificação com “Turma da Mônica – Laços” é imediata. Basta sacar as primeiras cenas panorâmicas que já nos sentimos acolhidos e andando pelas ruas do Bairro do Limoeiro, que, a propósito, merece aplausos pela competência na recriação de cenários externos que automaticamente nos catapulta para as páginas do gibi. Além do design de produção, também facilita neste processo de reconhecimento o preciosismo do visual de todos os personagens, sem exceção, do penteado à maquiagem e até o figurino. É perceptível e louvável a atenção especial dada à seleção do elenco, atentando para a aparência dos intérpretes e a proximidade com as figuras dos quadrinhos que irão personificar.

E, claro, não poderia deixar de mencionar as grandes estrelas do projeto: Giulia Benite (Mônica), Kevin Vechiatto (Cebolinha), Laura Rauseo (Magali) e Gabriel Moreira (Cascão). Todos novatos, é impressionante como cada um agarra os trejeitos e dá vida de maneira bem naturalista a essas crianças que só conhecemos por rabiscos. O mais admirável é que sequer parece que estão atuando, de tão espontâneo e à vontade que o quarteto se coloca diante das câmeras. Essa química resulta em ótimos momentos cômicos, de tensão e também alguns emocionantes, como exemplo, a carinhosa troca de olhares que exala confiança e sinceridade entre Mônica e Cebolinha, mesmo depois de tantas brigas. É bonito, honesto e tocante o que os quatro atores mirins alcançam em cena.

Há muitas razões para considerar “Turma da Mônica – Laços” uma produção especial. Uma delas é perceber que este foi um filme feito com esmero e com o coração aberto. Que as inevitáveis continuações repitam o mesmo padrão de qualidade.

Pauta do Leitor

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