Planejamento dos parques industriais
O crescimento das nossas cidades foi fortemente influenciado pela industrialização do Brasil. Temos também regiões que se desenvolveram com base no agronegócio, no comércio e na prestação de serviços, entretanto, é raro encontrarmos grandes aglomerações urbanas sem um parque industrial minimamente desenvolvido.
O Brasil tem uma grande extensão territorial, englobando 47,3% do território sul americano. Isso potencializa as chances de obtermos matéria-prima para as mais variadas atividades industriais.
Temos também um vasto litoral, que alcança incríveis 7.491 quilômetros de extensão, e facilita o escoamento internacional da produção por vias marítimas.
Por outro lado, nossa malha de transportes é precária e tem pouca diversidade modal. A recente greve dos caminhoneiros deixou evidente nossa dependência do transporte rodoviário. É necessário, portanto, investir em hidrovias e ferrovias.
Mas por que há algumas regiões concentram mais indústrias do que outras?
Para poder operar, a indústria precisa de mão de obra qualificada. Assim, institutos de educação superior e tecnologia são imprescindíveis para atrair indústrias. Não à toa que as grandes aglomerações industriais ficam no entorno dos maiores polos produtores de conhecimento do país.
Não podemos esquecer os incentivos fiscais. É inegável que a redução e simplificação da carga tributária são peças chave na atração de empresas. Portanto, saem na frente os estados e municípios que baixarem as alíquotas e diminuírem a burocracia.
Na região central do Paraná, por exemplo, a boa relação entre o Governo do Estado e a Klabin S.A. viabilizou a instalação de uma fábrica de celulose que mudou definitivamente o perfil da região.
Além de pensar em todos os critérios para atração das indústrias, os municípios têm que otimizar a instalação delas dentro de seu território.
Uma das preocupações é o bem-estar dos trabalhadores e dos moradores da região. Nesse aspecto devem se atentar, no mínimo, aos seguintes pontos:
- Preservação de reservas ambientais a fim de minimizar os efeitos sensíveis de poluição;
- Planejamento das vias de modo a facilitar o transporte dos funcionários;
- Implementação de barreiras sonoras para que não haja perturbação do sossego da população.
Deve-se pensar também na criação de novas zonas urbanas para abrigar os trabalhadores e suas famílias, as chamadas “vilas operárias”.
Ademais, é necessário preservar o meio-ambiente. Em vista disso, deve-se planejar a gestão dos resíduos industriais.
Vale a pena destacar o conceito de Parque Industrial Ecológico – PIE, surgido nos Estados Unidos. O PIE consiste basicamente na instalação de indústrias complementares de modo a criar uma sociedade cooperativa entre as empresas, os moradores e o setor público. Deve ser feito de maneira que o rejeito de uma indústria seja utilizado como matéria-prima de sua vizinha. Consequentemente, a primeira economiza na disposição dos rejeitos e a segunda na compra e transporte da matéria-prima, o famoso ganha-ganha.
Mas onde entra o morador nesse sistema?
O compartilhamento não para nos rejeitos, podendo se estender para o tratamento e reutilização de água e energia, construção de moradias sustentáveis, enfim, um conjunto de possibilidades que levam a economia de recursos.
No Brasil, o Estado do Rio de Janeiro, após sediar conferências internacionais sobre a preservação ambiental, constituiu alguns PIEs, como o de Santa Cruz, Campos Elíseos e Fazenda Botafogo. Neles é notável a maior concentração de indústrias químicas e de transformação.
Como apresentado neste artigo, o desenvolvimento industrial é parte importante do crescimento das cidades. Muitas vezes, entretanto, ele traz consigo problemas sociais, poluição e sobrecarga da infraestrutura urbana. O grande desafio é ter um crescimento harmonioso que beneficie todos os envolvidos, principalmente a população.
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